domingo, 31 de julho de 2011

Texto:A velha contrabandista

A velha contrabandista

          Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta.
        O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
        Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal perguntou assim a ela:
        - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
        A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que adquirira no odontólogo, e respondeu:
        - É areia!
        Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
        Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele saco maldito. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez.
        Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
        Diz que foi aí que o fiscal se “chateou”:
        - Olha vovozinha, eu sou fiscal de Alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
        - Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
        - Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
        - O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
        - Juro – respondeu o fiscal.
        - É lambreta.

Stanislaw Ponte Preta. Primo Altamirando e elas
4ª edição. Rio de Janeiro, Sabiá.

1. Esse texto é uma:
(       ) narrativa         (       ) poesia     (       )informação

2. É um texto que transmite:
(       ) momentos de tensão
(       ) uma situação de humor
(       ) comentários policiais
(       ) uma situação triste

3. Que adjetivos (qualidades) você daria à velhinha:
(       ) ingênua           (       ) otimista
(       ) esperta           (       ) pessimista
(       ) caduca            (       ) boba
(       ) cansada          (       ) inteligente

4. Que adjetivos você daria ao policial:
(       ) teimoso           (       ) compreensivo
(       ) desconfiado     (       ) honesto
(       ) educado          (       ) observador
(       ) ingênuo           (       ) tolo

Nenhum comentário:

Postar um comentário